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Bola da Vez

Rafael Pitanguy – VP de Criação da Africa

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RAFAEL_PITANGUY

Ele é carioca e começou a carreira na sua cidade natal em agências como Script e FCB Brasil. Mora em São Paulo trabalhando na Africa nos últimos quatro anos, atualmente, como VP de Criação. Também tem passagens pelo exterior, quando trabalhou na Fischer Portugal. Acumula diversos prémios, entre eles, 18 Leões em Cannes. E, além de ser professor da Miami Ad School, em São Paulo, tem trabalhado como roteirista em dois filmes diferentes metragens. O primeiro deles, “Ponte Aérea”, foi lançado em março deste ano. Esse é Rafael Pitanguy.

Na entrevista concedida ao Bola da Vez, Pitanguy fala sobre a “jornada dupla” entre a agência e o cinema e fala sobre o que ainda o motiva na carreira. E dá dicas preciosas para os redatores em início de carreira. Confira.

VoxNews – Como foi essa a sua transição do mercado carioca para o paulista?

Rafael Pitanguy – Na época, trabalhava na Giovanni,FCB, no Rio de Janeiro, e o Carlos André Eyer foi convidado para assumir uma direção de Criação na Africa de São Paulo. Como eu já tinha a intenção de trabalhar em São Paulo, comecei a clássica estratégia do “me leva”, “me leva”, “me leva”. Daí a coisa foi bem rápida. O Dedé me indicou, conversei com o Gordilho e em menos de um mês eu já estava por aqui.

VoxNews – O que ainda te encanta, todos os dias, na propaganda?

Rafael Pitanguy – O fato de não saber o que irá me encantar todos os dias na propaganda. A propaganda é muito imprevisível, dinâmica e não é fácil saber o que você vai encontrar a cada dia.
O bacana está nisso, em poder ser sempre surpreendido. Além disso, é um ambiente que acaba atraindo muita gente inquieta, criativa, engraçada o que deixa a realidade de uma agância bem estimulante.

VoxNews – Você assina o roteiro de “Ponte Aérea”. Ser roteirista é o seu plano B? É o que você faria caso não fosse publicitário?

Rafael Pitanguy – Na verdade, eu nunca tive plano B, até porque, dedico bastante tempo e energia ao plano A. Para trabalhar como roteirista, não abri mão de ser redator. Abri mão dos meus finais de semana=. Ter uma jornada dupla é bem puxado, por isso a motivação tem que ser maior que grana. Você tem que trabalhar por tesão, por vontade de ver nascer alguma história em que realmente acredita.

No caso do “Ponte Aérea”- eu e a Júlia Rezende (diretora e co-roteirista) – trabalhamos juntos desde o argumento, a escaleta, enfim, era um projeto que vimos e fizemos nascer. Quando funciona assim, a alegria acaba sendo bem maior que o trabalho. E alegria é uma moeda importante demais na hora de topar qualquer projeto.

VoxNews – Qual das habilidades difere um bom redator e conta mais nos dias de hoje?

Rafael Piranguy – Acho que os redatores que mais se destacam na nova geração são os que carregam atributos da “não tão nova geração”. Ser redator é um ofício, você tem que saber conceituar uma campanha, escrever diálogos, textos, estruturar um roteiro.

Além disso, é fundamental prestar atenção às pessoas, aos assuntos que estão em pauta fora da propaganda. Tudo isso é utilizado independente da mídia. Claro que conhecer as plataformas é importante, mas conhecer as palavras e prestar atenção às pessoas continua sendo indispensável.

VoxNews – Qual é o seu maior sonho na propaganda? E no cinema?

Rafael Pitanguy – A propaganda já tem sido bem generosa comigo. Me deu um monte de melhores amigos, a chance de conhecer e de trabalhar com profissionais que sempre admirei, me trouxe pra São Paulo, me levou pra Lisboa, me trouxe de volta. Caso as coisas continuem mais ou menos como estão, tudo bem.
No cinema, quero continuar trabalhando em projetos que realmente acredite. Aí, é torcer para o filme ser bem recebido pelo público e pela crítica. O fato do “Ponte Aérea” ter recebido críticas excelentes do Merten no Estadão, da Martha Medeiros, do (Fábio) Porchat e de ter sido pre-selecionado pelo festival de Sundance dão uma confiança para seguir em frente, o que é fundamental quando falamos de uma área em que você está começando.

VoxNews – Você tem dezenas de trabalhos premiados. Qual é aquele que mais te dá orgulho de ter participado, seja como redator ou como diretor de Criação?

Rafael Pitanguy – Na verdade, eu tenho orgulho de muitos. Por isso, vou tomar a liberdade de falar de três. O projeto “Liga Sagrez”, criado em Portugal com o Marco Martins e o Diogo Mello, que acabou mudando o campeonato português e levando a Sagrez a um crescimento histórico.

O “Dial”, de Cultura Inglesa, criado com o Bruno Bomediano com direção de criação do Dedé Laurentino, do Manir (Fadel) e do (Felipe) Luchi, que abocanhou o primeiro Leão de Ouro do Brasil na categoria Rádio.

E “Eduardo e Mônica”, criado com o Humberto Fernandez e o Sergio Gordilho, que abriu uma nova plataforma digital para a Vivo. Uma plataforma que segue até hoje. Esse ano, por exemplo, o clipe de “Exagerado”, do Cazuza, alcançou mais de 32 milhões de views, tornando-se o video publicitário mais visto na história do youtube no Brasil. Isso dá um orgulho danado.

VoxNews – Em um ano difícil como 2015 na ecomomia brasileira, ser mais criativo é também mais um job?

Rafael Pitanguy – Mais criativo, mais estratégico e menos medroso. Os artigos “Mister Gomes” e “Pra cima do Tubarão” do Nizan (Guanaes), na Folha de São Paulo, abordam esse tema com maestria. O que eu acredito está lá. E bem melhor apresentado do que eu poderia fazer aqui.

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