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Bola da Vez

Rogério Martins – supervisor de criação da Ogilvy Rio

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Rogério Martins, supervisor de criação da Ogilvy Rio, conta um pouco sobre a experiência em criar campanhas que são exportadas e também sobre como é acompanhar algumas produções for a do país. Confira:

VoxNews – Você tem acompanhado algumas produções for a do país. Conte sobre algumas e como foram essas experiências do ponto de vista profissional e pessoal.
Rogério Martins – Um pouco de contexto antes da responder. Desde o início de 2011 a Ogilvy-Rio é a agência global do sal de frutas Eno. Somos nós, aqui no Rio de Janeiro, que criamos a campanha que está sendo adaptada pelos países para esta marca. Já produzimos comerciais para o Brasil, Índia, América Latina, Caribe, África do Sul, Espanha e Ucrânia. E outros países já estão na fila!

Como agência global, nós temos que acompanhar todas essas produções. Isso já me levou para Bombaim e Caracas. Estas experiências foram muito ricas tanto profissional quanto pessoalmente. Profissionalmente porque você acaba conhecendo produtoras e diretores de outros lugares, lidando com gente em todos os níveis hierárquicos possíveis, inclusive os mais estratosféricos e tendo que ter jogo de cintura para administrar tudo isso: naquele set, naquela filmagem, você é o representante do cliente global. E tem que estar atento para tudo sair bem.

Além disso, na parte profissional, descobri um plano B: ser modelo de mão na Índia. Sim, porque eu fui o modelo de mão do filme de Eno da Índia. Se tudo mais der errado, vou pra lá ganhar minha vida assim.

Do ponto de vista pessoal, conheci lugares diferentes e interessantíssimos (rolou de fazer um pouco de turismo nessas viagens), que nunca esperava visitar, e ainda fiz bons amigos nesses lugares.

VoxNews – Qual o ponto positivo e o negativo, se existe, em se criar uma campanha global? Já houve algum caso que não tenha atendido suas expectativas?
Rogério Martins – Bom, os horários das reuniões costumam ser meio esquisitos. A reunião de pré do filme da Índia começava às 8 da manhã, se não me engano. Sabe como é, fuso horário e tal. E depois de pegar uma executiva da Emirates você fica meio mal-acostumado…

Mas, a experiência tem sido sempre muito positiva. Te ensina a ter uma grande maturidade profissional. Afinal, o processo é naturalmente complexo. Envolve diversas instâncias: o cliente global, o cliente local, o pessoal da Ogilvy NY, as Ogilvys locais, institutos de pesquisa, as produtoras e assim por diante. Um trabalho grande de verdade. E você tem que saber conduzir todas essas pessoas, que às vezes tem visões diferentes sobre o trabalho, para o ponto onde quer chegar.

Felizmente todos têm sido muito parceiros. O resultado tem sido o que esperávamos e nós e o cliente estamos muito satisfeitos com a maneira como o trabalho tem se desenrolado.

VoxNews – Você estando no Brasil, como é o dia a dia durante o processo de criação para uma campanha internacional?
Rogério Martins – Aqui na Ogilvy-Rio a gente pega muito job internacional. Campanha de Coca-Cola Zero. Fanta para a América Latina. A campanha para os projetos de sustentabilidade da Coca-Cola, chamados Viva Positivamente, que virou a campanha global da companhia e já foi exportada para países tão diferentes quanto Malásia, Japão, Austrália e Filipinas.

No dia a dia isso significa um monte de reunião por telefone em inglês com gente na Argentina, EUA, Espanha, Índia, Ucrânia, Venezuela, Costa Rica, Malásia. E, como já disse, os horários são meio estranhos. Também significa uma pá de emails que chegam com trabalho de diversos lugares com peças que precisamos ver e avaliar.

A gente, da criação, também tem que se preocupar com a universalidade da mensagem. Não dá para criar algo que não seja exportável. E contamos bastante com as Ogilvys locais para fazer as adaptações necessárias para o filme ser relevante e compreendido nos mercados. Não sou eu quem decido que comida vai aparecer no filme da Índia, por exemplo.

VoxNews – Na sua opinião, quais as principais diferenças entre o processo criativo daqui e o de outros países da Europa e da Ásia ou até mesmo dos Estados Unidos?
Rogério Martins – Olha, aqui é incrivelmente parecido. No set também. Os que eu acompanhei são bem similares aos brasileiros.

VoxNews – Você acha que criar campanhas globais é uma tendência do mercado nacional para as agências que possuem clientes alinhados internacionalmente?
Rogério Martins – Acho que sim. E isso tem a ver com o destaque que o Brasil conquistou nos últimos anos. Somos um país em evidência no mundo, e vi isso pessoalmente trabalhando nestes jobs globais. Quando conversava com o pessoal, todo mundo falava do bom momento brasileiro. As empresas estão disputando o mercado daqui mais para cá — tem toda essa história da ascensão da classe C, BRICs etc. e tal — e é natural que elas terminem por pensar em usar as agências daqui para criar para os mercados emergentes.

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