Marcelo Giannini, sócio da Sobreloja Filmes

Na quarta-feira, 8 de maio, Marcelo Giannini, sócio da Sobreloja Filmes, lança “Dois Lobos”, um curta-metragem que promete mergulhar o público em uma jornada de autodescoberta e afeto. O filme é conduzido por um sábio cacique em busca de sua neta.

Ao VoxNews, Giannini detalha sobre a inspiração para essa obra e como optou por utilizar a língua Tukano, originaria do Alto Rio Negro (AM), na obra. Ele também nos conta sobre seu próximo projeto: “Depois de Brigitte”, que vai mostrar a relação entre a atriz francesa Brigitte Bardot e Búzios, que transformou a cidade balneária no Rio de Janeiro em um dos pontos turísticos mais procurados do país.

 

VoxNews – Qual foi a maior inspiração por trás da história de “Dois Lobos” e como você espera que essa narrativa impacte o público?

Marcelo Giannini – Há momentos de nossas vidas em que temos a clara sensação de estarmos em uma montanha-russa. Em um momento desfrutamos de uma paz absurda e em outros a tristeza, e a raiva nos abraçam. O primeiro contato com esse conto foi em um livro chamado “Quando tudo se desfaz” da monja budista Penna Chondron.

 

A lenda Cherokee dos dois lobos conta que, dentro de nós acontece uma batalha contínua entre duas forças. Um conflito entre o nosso lado mais obscuro e a área mais iluminada. Essa dualidade entre o bem e o mal, entre a alegria e o orgulho, a culpa e a humildade, define em grande parte o que somos.

 

VoxNews – Quais foram os principais desafios ao dirigir um filme inteiramente falado na língua Tukano e como você os superou?

Marcelo Giannini – A linguagem do filme, foi definida após a escolha do cacique Carlos Doethyró Tukano, durante a pesquisa de casting pela semelhança com biótipo dos índios cherokees.

Durante os ensaios, o cacique nos revelou a semelhança do conto de dois lobos para uma conto do seu povo. Como forma de universalizar e homenagear os povos originários, decidimos trazer características do povo Tukano, quanto dos cherokees.

Toda a filmagem foi realizada em partes, passávamos o texto em português e na sequência gravávamos na língua tukano.

 

VoxNews – Pode nos falar um pouco sobre a colaboração com o Cacique Tukano e como ele contribuiu para a realização do filme?

Marcelo Giannini – Se sentiu homenageado, ao ter seu idioma fazendo parte de uma obra audiovisual e através dela transmitir uma mensagem tão inspiradora vinda dos povos nativos da América do Norte.

 

VoxNews – O que você espera que os espectadores levem consigo após assistir a “Dois Lobos”?

Marcelo Giannini – A lenda cherokee dos dois lobos explica que o ser humano é a essência do Yin-yang, a dualidade onde longe de descartar uma parte, de eliminá-la ou isolá-la em um espaço escuro, é preciso controlá-la para viver em equilíbrio.

 

VoxNews – Como a experiência em “Fotografias” influenciou sua abordagem em “Dois Lobos” e em seus futuros projetos?

Marcelo Giannini – Acredito que o paralelo entre eles é de uma abordagem de reflexão individual. No “Fotografias” a abordagem era de como lidamos com o tempo presente e de como colecionamos as memórias. Em “Dois Lobos” há uma abordagem sobre conflito interno para lidar com as próprias emoções.

 

VoxNews – O que o motivou a contar sobre a relação entre a atriz Brigitte Bardot e Búzios? E qual você acredita ser sua relevância nos dias de hoje? 

 

Marcelo Giannini – Além da minha grande paixão pela cidade, a qual frequento desde a minha adolescência, sempre me intrigou como ela chegou ao balneário. Em janeiro de 1964, no auge da sua fama, Brigitte era visada pelo líder da maior banda de todos os tempos, John Lennon. Quando foi para Paris em turnê com os Beatles, ele pediu que marcassem um encontro dele com a atriz de cabelos loiros. Ela nunca foi à esse encontro, ocupada demais correndo descalça pelas praias de uma escondida vila de pescadores no interior do Rio de Janeiro, Armação dos Búzios.

 

De lá pra cá, suas fotos na cidade circularam em jornais de todo o mundo, e Búzios nunca mais foi a mesma. Se tornando um destino turístico, e uma das cidades mais badaladas do Brasil e do mundo.

 

Depois de Brigitte, nada foi igual. Investigando essa história de transformação de uma cidade e sua população a partir de uma estrela, notam-se muitas lacunas. E o documentário “Depois de Brigitte” visa preenchê-las. Pensando na Búzios de antes, na de agora, e no processo que aconteceu entre elas.

 

VoxNews – Como você planeja abordar a transformação de Búzios ao longo do documentário “Depois de Brigitte”?

Marcelo Giannini – “Depois de Brigitte” será um longa documental, com duração média de 1 hora e 30 minutos. A narrativa seguirá uma linha de documentário expositivo, utilizando de imagens de arquivo, entrevistas e narração para sustentar os fatos apresentados.

 

VoxNews – Por fim, o que você espera alcançar com seus projetos audiovisuais?  

Marcelo Giannini – Na publicidade tive oportunidade de contar histórias em 30 segundos. No cinema, estou aprendendo a ir além dos 30 segundos e o com o grande desafio de desenvolver projetos autorais.