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Bola da Vez

Fabio Caveira, criador da Burnout Parade e Associate Creative Director na VML Dubai

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Criativo inquieto, publicitário de formação e músico por curiosidade, Fabio Caveira vem experimentando na prática os limites e as possibilidades da inteligência artificial como ferramenta de expressão. Associate Creative Director na VML Dubai e criador da Burnout Parade, projeto musical que mistura thrash metal, crítica à indústria criativa e experimentos com IA, Caveira usa a tecnologia tanto na publicidade quanto na música para provocar, explorar e questionar o próprio processo criativo.

Nesta entrevista ao VoxNews, ele fala sobre como a IA virou parceira de criação, o risco da pasteurização quando se entrega tudo a ela e as conexões entre o fazer publicitário e a rebeldia do metal.

 

VoxNews – O que te motivou a experimentar a IA como ferramenta criativa na música e como isso se conecta com sua vivência na publicidade?

Fabio Caveira – Eu uso IA desde 2022, primeiro pra entender o que era e o que podia entregar, depois como ferramenta mesmo. No meu dia a dia, ela me ajuda a acelerar o processo criativo e testar variações de ideias e execuções. Música sempre foi uma paixão antiga, que ficou de lado. Com a IA, eu vi uma chance de mexer nisso de um jeito acessível, sem grandes pretensões. Não me considero músico, só estou experimentando e explorando novos limites como criativo.

 

VoxNews – De que forma a IA influenciou ou transformou o seu processo de composição no Burnout Parade? Ela foi mais ferramenta, coautora ou provocadora?

Fabio Caveira – No começo era só ferramenta, inclusive na agência, mas hoje vejo muito mais como uma parceira criativa. A IA não cria nada sozinha, eu sempre tenho uma ideia ou algo para dizer, e uso a IA para explorar caminhos, testar versões e ver até onde dá pra ir. Também ajuda a evitar lugares comuns, ver se algo já foi feito e ajustar a rota. É ferramenta, coautora e provocadora ao mesmo tempo.

 

VoxNews – Você acha que a IA pode potencializar a criatividade ou tem o risco de pasteurizar tudo, tanto na música quanto na propaganda?

Fabio Caveira – Eu acho que ela pode potencializar se você não deixar tudo na mão dela. Quando você entrega o processo inteiro, o resultado fica repetitivo, sem vida e esperado. Mas se você lidera o processo e usa a IA como apoio, ela te faz ir mais longe. O risco de pasteurização vem quando você deixa a IA decidir tudo.

 

VoxNews – O projeto critica a indústria criativa enquanto usa uma das maiores inovações atuais. Esse paradoxo foi intencional?

Fabio Caveira – Eu não vejo como paradoxo. A crítica sempre existiu dentro da indústria criativa, e é isso que faz o mercado evoluir e amadurecer. Eu só usei a música como meio pra dar voz a questões que são minhas, mas também de muita gente.

 

VoxNews – O thrash metal sempre teve esse lado rebelde e crítico. O quanto a escolha do estilo conecta com a provocação que você quer fazer?

Fabio Caveira – Eu ouço thrash desde sempre e é um estilo direto, cru, acelerado, com letras críticas e antissistema. A IA traz um lado “do it yourself” que sempre existiu no punk e no thrash, só que agora de forma mais acessível. O estilo combina com a mensagem e amplifica o tom da crítica.

 

VoxNews – Que aprendizados da Burnout Parade você leva para sua vida de criativo na publicidade, ainda mais agora com a IA entrando em tudo?

Fabio Caveira – Para mim ficou muito claro que IA não é só mais uma ferramenta, tipo Photoshop. Ela é uma parceira criativa. Ela não funciona sem direção, precisa de input, precisa de alguém com algo a dizer. Quando usada do jeito certo, ela amplia sua voz, em qualquer formato.

 

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