Zé Pedro Paz, cofundador e CCO da DZ Estúdio
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A DZ Estúdio completa 20 anos com uma mudança estratégica de peso. A agência, fundada em 2005 e reconhecida por acompanhar de perto as transformações do cenário digital, adota agora também o modelo SaaP – Service as a Product. A proposta permite que marcas contratem entregas específicas de estratégia, criação ou ativação, sem necessariamente absorver toda a estrutura de uma agência full service. Nesta entrevista, Zé Pedro Paz, cofundador e CCO da DZ, fala sobre o que motivou a mudança, os aprendizados na implementação do modelo e como ele já impacta clientes como L’Oréal Brasil e DaColônia.
VoxNews – A adoção do modelo SaaP marca uma virada estratégica na trajetória da DZ Estúdio, justamente no ano em que a agência completa 20 anos. O que motivou essa mudança e como vocês chegaram a essa decisão?
Zé Pedro Paz – A DZ nasceu em 2005 e cresceu junto com o digital. Nesses 20 anos, já passamos por muitas viradas estratégicas. Começamos na era do banner, passamos pelos hotsites, até a explosão das redes sociais, depois o mobile, a força do vídeo, a sofisticação da mídia programática, os influenciadores e agora a Inteligência Artificial. Essas mudanças no ambiente fizeram com que desenvolvêssemos uma cultura de revisão estratégica da agência. Quando muda a entrega de valor, o modelo de negócio precisa acompanhar. A criação da abordagem Service as a Product é mais um passo nessa trajetória.
VoxNews – O SaaP permite que marcas contratem entregas específicas como estratégia, criação ou ativação sem absorver toda a estrutura da agência. Nos dê exemplos como esse modelo dialoga com as necessidades atuais dos clientes e do mercado?
Zé Pedro Paz – As agências são muito boas em entender as dores dos públicos das marcas que atendem e transformar isso em produto criativo. Mas, muitas vezes, têm dificuldade em enxergar as dores dos próprios clientes. O que a gente fez foi ouvir o que o mercado estava dizendo e transformar em produtos. Há uma insatisfação de alguns gestores de marketing com o modelo full service, por ser pesado, lento e caro. É comum a gente ouvir frases como “eu gosto da minha agência, mas não consigo usar o melhor dela”. Contratos com escopos enormes fazem com que a quantidade de demandas táticas e a complexidade da operação roubem energia do estratégico.
Claro que muitos clientes ainda precisam do full service e a gente continua atendendo. Mas, em muitos casos, precisam de ajuda com um desafio estratégico, criativo ou de ativação, e querem uma dose concentrada do que a agência tem de melhor. E agora, com o SaaP, também estamos prontos para atender nesse formato.
VoxNews – Quais foram os principais aprendizados e desafios na implementação do SaaP dentro da DZ Estúdio? Nos conte sobre a recepção do modelo pelos clientes.
Zé Pedro Paz – A gente já vinha trabalhando com times mais sêniores e flexíveis, em um formato próximo a squads temporários, que se conectam para um projeto, mergulham, entregam e depois desconectam. Estamos consolidando esse aprendizado em um novo modelo de operação, que em breve vamos apresentar. É uma evolução da cultura, mais distante daquela linha de produção de peças, mais parecido com um formato de estúdio criativo com elementos de consultoria. A recepção foi muito boa. Os clientes percebem que o alto envolvimento gera mais valor para os negócios. E a gente sente que está entregando o melhor da DZ.
VoxNews – A DZ já tem cases aplicados nesse novo formato, como o desenvolvimento de um app de PDV para a L’Oréal Brasil e o trabalho com a DaColônia. Que resultados ou diferenciais esses projetos já demonstram?
Zé Pedro Paz – Uma das características é a variedade de formatos e escopos, mas com algo em comum: o foco em gerar valor com envolvimento, bons insights e consistência. No caso de L’Óreal fizemos uma abordagem estratégica para um desafio que parecia tático: criar uma ferramenta para gestão das marcas nos pontos de venda. Entrevistamos stakeholders, fomos a campo e planejamos uma experiência que levasse a uma presença consistente das marcas e ao engajamento das equipes de venda. O resultado foi incrível e já estamos trabalhando em um segundo projeto com o cliente, para outra divisão de marcas, mas com o mesmo espírito.
Em DaColônia, empresa líder em pasta de amendoim e doces industrializados prontos no Brasil, entramos para dar um boost na estratégia digital. É uma empresa que cresce sem parar e o marketing precisa estar sempre acompanhando. Ajudamos a criar um novo planejamento para redes sociais, um novo conceito em convenção de vendas e uma campanha de Festa Junina. Foi um combo de SaaP que elevou a barra para que o cliente pudesse seguir com sua equipe interna nos desdobramentos táticos. Quando a entrega faz diferença e o modelo de remuneração está atrelado a isso, a agência deixa de ser custo incômodo e vira investimento.
VoxNews – Na sua visão, o SaaP é um caminho natural para o futuro das agências? Qual o impacto desse modelo na relação entre cliente e agência e no próprio papel da criatividade no negócio?
Zé Pedro Paz – Não acredito que exista um caminho único. O SaaP é uma via que estamos abrindo para atender uma demanda latente: ter o melhor de uma agência sem precisar comprar toda a agência. Existem outras dores e mesmo na DZ nós seguimos flexíveis em relação a modelos, atuando com escopos mais completos quando é isso que o cliente precisa.
Um dos impactos mais significativos do modelo Saap, que pode até parecer contraintuitivo, é o aumento do diálogo estratégico. Mesmo quando a gente não tem a conta inteira, temos equipes sêniores interagindo com os tomadores de decisão do cliente. Tiramos da frente o volume de entregas de baixa complexidade. Com isso, podemos focar a nossa energia e a do cliente em questões que geram mais valor para o negócio e, consequentemente, para a relação.