Mês da Mulher: Gabriela Matarazzo, diretora de Conteúdo da Pródigo Filmes

Como você vê a evolução das mulheres dentro do mercado de comunicação?

“Vejo a evolução das mulheres no mercado de comunicação como um movimento potente, mas ainda em construção. O que mais tenho percebido – e vivido – é que uma mulher puxa a outra. Há uma rede crescente de apoio, de escuta e de colaboração entre nós, que tem sido fundamental para abrir novos caminhos. Na Pródigo, por exemplo, as equipes de desenvolvimento e produção são inteiramente formadas por mulheres. Sim, temos políticas internas que incentivam a diversidade, mas esse padrão vai muito além de metas institucionais. Essas mulheres estão ali por competência, por conduta e pela generosidade com que abrem portas para outras. Além disso, fazemos questão de apoiar mulheres que estão em momentos de transição de carreira – seja do roteiro para a direção, seja da não ficção para a ficção –, acreditando na importância de apoiar outras profissionais a alçarem novos voos e da presença feminina em posições de decisão e liderança. Essa possibilidade e eventuais ascensões das mulheres no mercado transforma não apenas os processos, mas também os resultados das obras.

Acredito profundamente em uma gestão colaborativa e transparente. Nos projetos que lidero, a escuta é prioridade – especialmente para garantir que as mulheres se sintam bem amparadas em ambientes que ainda são, em grande parte, dominados por homens. Apesar dos avanços, seguimos enfrentando um mercado estruturalmente masculino, e a atual crise financeira no setor não colabora: em tempos de retração, o instinto é recorrer ao ‘seguro’, ao conhecido – e isso, muitas vezes, significa dar prioridade a diretores da famosa velha guarda, o que perpetua a concentração de oportunidades em perfis já estabelecidos, e majoritariamente masculinos.

A evolução das mulheres no setor também depende de redes de apoio, de mentoria e de políticas que incentivem a diversidade em todos os níveis. Nesse sentido, grupos como o Latina Squad – grupo de executivas latinas que atuam em Hollywood – tem sido fundamental. Criado para que possamos aprender umas com as outras e navegar um ambiente extremamente restrito e opressor para mulheres latinas, o grupo fortalece vínculos e nos ajuda a ocupar espaços com mais estratégia, força e solidariedade. Meu compromisso é seguir abrindo portas e cultivando ambientes onde outras mulheres – especialmente as que vêm de contextos sub-representados – possam não apenas entrar, mas crescer”.