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Bola da Vez

Luiz Tastaldi, CEO da Wedooo

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À frente da WeDooo, Luiz Tastaldi defende uma visão que vai além da performance e da diferenciação técnica: para ele, marcas relevantes são aquelas que ocupam espaço cultural e emocional e que se manifestam com clareza sobre o que são, não apenas sobre o que fazem. Com passagens por agências como Talent, o executivo propõe um novo posicionamento para o mercado com o conceito “Manifeste-se”, que se materializa tanto como metodologia estratégica quanto como plataforma de conteúdo, programa de TV e eventos.

 

Em um cenário saturado por mensagens rasas, métricas de vaidade e decisões orientadas por algoritmo, a WeDooo aposta na construção de marcas com alma — capazes de permanecer, e não apenas aparecer. Nesta entrevista ao VoxNews, Tastaldi fala sobre identidade estratégica, diferenciação cultural, o papel dos dados e o futuro das marcas na era da inteligência artificial.

 

 

VoxNews – O conceito “Manifeste-se” antecipa um movimento da WeDooo em torno da força das marcas com alma. O que motivou esse novo posicionamento e por que ele é especialmente urgente agora?

 

Luiz Tastaldi – Desde que iniciei na propaganda, na Talent dos anos 90 com Julio Ribeiro, aprendi e entendi que marcas devem ser maiores do que aquilo que vendem — para “vender pra sempre”. Essa é minha filosofia e identidade que carrego há anos. O “Manifeste-se” é a tradução disso: marcas fortes não vendem só produtos, elas manifestam crenças.

 

O que motivou esse movimento agora foi a saturação absoluta do mercado. Todo mundo falando. Todo mundo tentando vender, vender. Se matando para “aparecer” na frente das pessoas, mas quase ninguém preocupado em “permanecer”.

 

A urgência vem justamente disso: num mundo saturado de mensagens, marcas sem alma são silenciadas pelo algoritmo. Entramos numa era em que o que fazemos e como fazemos está em risco.

 

A única certeza que não pode ser alterada é: quem somos. Só sobreviverá quem conseguir ser maior do que o que faz, de forma relevante, para garantir seu lugar no mundo. E isso requer clareza e coragem para se manifestar de forma autêntica.

 

O Manifeste-se é, ao mesmo tempo, inspiração e metodologia da WeDooo.

→ Como metodologia, buscamos traduzir a essência dos clientes em posicionamento; posicionamento em cultura viva; e cultura que guia decisões e processos.

→ Como inspiração, ele nasce como plataforma: programa de TV com grandes personalidades, palestras, versão shorts mais ágil para redes sociais, livro, imersões e um evento itinerante estilo TED.

 

VoxNews – Em um cenário dominado por algoritmos e excesso de dados, como a WeDooo ajuda marcas a se diferenciarem culturalmente?

 

Luiz Tastaldi – Dados são commodities. Assim como a IA logo será. Todo mundo tem e terá acesso.

Um erro comum é confundir tática com estratégia. Publicidade, digital, influenciadores, promoções. São táticas. Quem define o uso delas é a estratégia. E ela vem antes. O diferencial está em como interpretar os dados.

 

Na WeDooo, temos um estilo próprio de leitura e análise. Estamos constantemente atualizados com grandes escolas globais — Columbia, MIT, Kellogg e Wharton.

 

Não usamos dados para otimizar performance apenas. Usamos para encontrar os sinais autênticos da marca e conectá-la às pessoas não pelo que vende, mas pelo que é. E isso exige leitura de dados comportamentais.

 

Transformamos dados em inteligência estratégica e conceito. Mais que isso: ajudamos marcas a romper o ciclo de otimização para o algoritmo e passar a se manifestar com clareza. Criar cultura. Cultura que orienta decisões, produtos e campanhas. Diferenciação cultural nasce de ter uma visão de mundo — e não de repetir o que o mercado espera. É isso que a WeDooo entrega.

 

VoxNews – Você costuma dizer que uma marca forte pode até ficar sem concorrentes. Como o trabalho de identidade estratégica e conceito de marca consegue alcançar esse nível de singularidade?

 

Luiz Tastaldi – Quem tem concorrente é produto, não marca. Se sua marca tem identidade forte, a ponto de ser maior do que o que vende, você sobe de prateleira.

 

Quando uma marca descobre sua essência e se manifesta com clareza, ela para de competir por atributos funcionais. Ela passa a ocupar um território mental e emocional exclusivo. A marca forte cria um campo magnético em torno de si, onde a comparação deixa de fazer sentido.

 

Temos exemplos como a Red Bull (não vende energético — vende estilo de vida); Apple (não vende hardware — vende status, filosofia) e Brastemp, que diz: nenhuma outra é igual.

 

Na WeDooo, nosso papel é libertar marcas da briga de preço e da obsessão por diferencial técnico. Ajudamos elas a ocuparem espaços onde não existe concorrência.

 

VoxNews – A WeDooo atua em diferentes países e setores, do impacto social à tecnologia. Quais pontos em comum você enxerga nas marcas mais visionárias que escolhem trabalhar com vocês?

 

Luiz Tastaldi – A gente não atende só marcas. A gente atende quem quer deixar uma marca – empresas, líderes, governos, nações. O que todos têm em comum é simples: Não querem mais ser percebidos apenas pelo que fazem, mas pelo que são. Pelo que representam. Pelo que acreditam.

Entenderam que o futuro das marcas é ser ativo de influência cultural, não só gerador de receita. Eles sabem que precisam se posicionar com clareza, liderar movimentos e não apenas seguir tendências. E mais: são marcas que têm coragem.

 

Porque se manifestar é, antes de tudo, um ato de coragem. Requer abrir mão das fórmulas fáceis e assumir um posicionamento claro, autêntico — muitas vezes, contra-intuitivo.

 

VoxNews – O manifesto da WeDooo fala sobre falar menos, mas com mais relevância. Que marcas, na sua opinião, têm conseguido se manifestar com clareza e consistência na era das métricas de vaidade?

 

Luiz Tastaldi – Poucas. Patagonia e Apple são dois exemplos. Falam pouco. Mas, quando falam, dizem muito. A Patagonia, inclusive, se manifesta pelas ações, mais do que pelas campanhas. Mais recentemente, tenho olhado com atenção para a Alo e o movimento da Cacau Show.

 

Enquanto isso, a maioria das marcas está presa no ciclo de vaidade: likes, views, tráfego. Esquecem que relevância não se mede em curtidas, mas em presença contínua na mente e no coração.

 

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