Marcos Almirante, fundador da Storm Education – “Do redator premiado ao empreendedor social”
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Durante duas décadas, Marcos Almirante construiu carreira em algumas das principais agências de publicidade do Brasil, Estados Unidos e Inglaterra. Mas, em 2020, uma pergunta mudou completamente sua trajetória: “e se a gente traduzisse a língua inglesa pra linguagem do zap?”
A resposta virou a Storm Education, uma edtech que ensina inglês exclusivamente pelo WhatsApp, usando áudios, memes e mensagens curtas para alcançar estudantes que antes estavam fora de qualquer curso tradicional. Hoje, a Storm já impactou mais de 2 mil alunos, firmou parcerias com UNICEF, iFood, Governo Britânico e prepara expansão para a América Latina.
Nesta entrevista ao VoxNews, Almirante explica o que motivou a criação do projeto, os desafios desse novo modelo de ensino, os resultados mais relevantes e como parcerias estratégicas têm ampliado o acesso à educação para jovens e adultos que nunca tiveram oportunidade de aprender inglês.
VoxNews – O que o motivou um publicitário a criar a Storm Education e ensinar inglês via WhatsApp?
Marcos Almirante – Nesses 20 anos como criativo no Brasil, nos EUA e na Inglaterra, com todas as marcas que eu trabalhei, em todas as agências, uma coisa nunca mudou: a melhor solução para qualquer brief é sempre uma boa ideia.
Durante a pandemia, o Alan Duarte, fundador da ONG Abraço Campeão, me contou da dificuldade de manter os alunos ativos no Complexo do Alemão. A sede estava fechada, mas o WhatsApp seguia firme como canal de contato com todo mundo. E aí veio aquele típico pensamento de publicitário: “e se a gente tentasse ensinar inglês no WhatsApp? Com áudio, meme e jeitinho brasileiro.”
Hoje, aquela ideia virou uma empresa. E a Storm ajuda a democratizar o inglês pra quem nunca teve acesso.
VoxNews – Como surgiu a ideia de “traduzir a língua inglesa para a linguagem do zap” e quais desafios vocês enfrentaram no início?
Marcos Almirante – 95% das pessoas no Brasil não falam inglês. Temos um problema crônico de acesso, mas não é falta de cursinho. Isso, o país tem de sobra.
A questão é que nada chega na ponta. E o que chega, não engaja. Os cursos de inglês tradicional, com aquela família branca, americana, casinha colorida, labrador na porta, não falam a língua de quem quer aprender.
A Storm é uma empresa de acesso. Por isso estamos no WhatsApp. Por isso ensinamos com mensagens de voz e memes: a linguagem do zap. Por isso não temos vídeos. Se tivéssemos, estaríamos excluindo quem não tem dados no celular.
No início, os desafios vinham da falta de tempo, porque tudo era feito nas horas vagas. Tinha que criar os roteiros, design e áudios de um curso inteiro, além de interagir com cada áudio de cada estudante.
Hoje, os desafios continuam vindo da falta de tempo, mas estão muito mais ligados à realidade de um negócio: aquisição e retenção de clientes, finanças, desenvolvimento de tecnologia.
Ninguém disse que seria fácil, mas a gente continua se divertindo e aprendendo.
VoxNews – Quais têm sido os resultados mais significativos da Storm Education em termos de número de alunos, engajamento e impacto social?
Marcos Almirante – O principal resultado da Storm é justamente a transição de um movimento com mais de 50 voluntários para uma empresa. Relançamos em agosto desse ano e já temos clientes incríveis como iFood e Governo Britânico. Até o fim do ano, vamos iniciar as vendas para o público geral, o que vai nos dar uma capilaridade enorme.
Ao todo, são mais de 2 mil estudantes em todo o Brasil. E no ano que vem, vamos lançar a Storm para a América Latina. Porque inglês tem que ser para todo mundo, não só quem mora no Brasil.
VoxNews – A Storm Education estabeleceu uma parceria com o UNICEF. Como essa colaboração fortalece o projeto e amplia o acesso ao ensino de inglês para crianças e adolescentes?
Marcos Almirante – Fazer parte do Jogando Juntos pelos 75 anos do UNICEF no Brasil foi um divisor de águas para a gente. Essa parceria reforça tudo o que a Storm acredita: que a educação não pode ser um privilégio, tem que ser um direito.
Ao lado do UNICEF, estamos oferecendo nosso curso para adolescentes em situação de vulnerabilidade, usando o WhatsApp como porta de entrada para mais oportunidades.
Como contrapartida, a marca Storm e a nossa missão “Inglês tem que ser pra todo mundo” estavam na lateral do campo do Pacaembu, em um jogo transmitido ao vivo para milhões de pessoas pela Band, PodPah e Desimpedidos. Depois de décadas construindo outras marcas, foi emocionante ver a nossa nesse lugar.
VoxNews – Que outras parcerias têm sido essenciais para expandir o alcance do projeto e tornar o ensino acessível a quem nunca teve oportunidade de aprender inglês?
Marcos Almirante – A Storm trabalha em rede. Além das parcerias com mais de 100 ONGs, somos parte do AI Startups Hub do WhatsApp no Brasil e da comunidade da Global EdTech Startups Awards, entre outras redes. A gente acredita que é juntando forças que vamos chegar mais longe e levar o inglês aonde ele nunca chegou.
