Fabrício Guimarães, Cofundador e COO da Be Mediatech OOH
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Cofundador e COO da Be Mediatech OOH, Fabrício Guimarães enxerga o out-of-home como um dos meios mais estratégicos do presente e do futuro da comunicação. Para ele, os maiores desafios do setor no Brasil passam por acompanhar a velocidade das transformações tecnológicas, garantir métricas cada vez mais precisas e explorar ao máximo a criatividade em projetos de experiência.
“O OOH já é o segundo meio em penetração com pais, chegando a 89%. Com a digitalização das telas, vivemos um cenário em que as cidades se tornam plataformas vivas de comunicação, oferecendo às marcas uma chance única de se conectar de forma contextual e inteligente com seus públicos”, destaca.
Na entrevista a seguir, Fabrício fala sobre a integração do OOH às estratégias omnichannel, o impacto da criatividade, a necessidade de formação de especialistas e a sua visão sobre o futuro da mídia.
VoxNews – A Be Mediatech tem se posicionado como uma empresa que traz tecnologia e inovação para o mercado de mídia exterior. Quais são hoje os maiores desafios e oportunidades que você enxerga para o OOH no Brasil?
Fabrício Guimarães – Os maiores desafios do OOH no Brasil passam por: acompanhar a velocidade das transformações tecnológicas e garantir métricas cada vez mais precisas em um mercado que exige integração com outros meios e detém cada vez mais investimento. Outro ponto é a criatividade e os projetos de experiência, o ooh é o segundo meio em penetração com pais, 89%, e com a digitalização das telas estamos diante de um cenário em que as cidades se transformam em plataformas vivas de comunicação, oferecendo às marcas uma chance única de se conectar de forma contextual e inteligente com seus públicos. Por fim, também é possível pontuar a necessidade de formar profissionais especialistas no setor, os avanços na legislação e a entrada de grandes players de mídia, seguido da forma de conglomerados.
VoxNews – Com a expansão do digital e do programático no OOH, como você vê a integração da mídia exterior com outras plataformas dentro das estratégias omnichannel das marcas?
Fabrício Guimarães – O OOH ocupa uma posição estratégica no pensamento de jornada, é uma mídia pouco invasiva, que captura a atenção e gera alto impacto, essencial para qualquer estratégia de marca. A digitalização e as novas tecnologias permitem uma conexão direta com formatos digitais através do mobile. O impacto acontece já no planejamento, onde é possível integrar bases e refinar audiência de seleção de pontos e ativos. Outro ganho é a definição de indicadores e a mensuração ao longo da execução da campanha com atuação imediata. Na Be, nós desenvolvemos a Colmeia®, uma ferramenta de planejamento conectada a múltiplas bases e que geram indicadores como frequência, cobertura, grp e trp, além de CPView, o que permite a ingestão de base e uma segmentação alinhada com o digital. E esse é só o começo.
VoxNews – Além da Be, você já cocriou negócios em áreas bastante distintas, como gestão de resíduos (Musa Tecnologia) e projetos sociais (Instituto Terra Livre). Como esse olhar múltiplo influencia sua atuação no mercado de mídia?
Fabrício Guimarães – Ter empreendido em múltiplas áreas me trouxe curiosidade e a humildade de aprender e desaprender, o que ajuda a não ficar preso em verdades absolutas que podem limitar a inovação, a capacidade criativa e um modelo de gestão controladora, impedindo o desenvolvimento de talentos e a abertura para novas oportunidades. O mercado se reinventa o tempo todo, pois segue as evoluções sociais que o dia a dia provoca, e, com isso, novas perguntas precisam ser feitas. É daí que vêm as respostas que aplicamos no negócio, na gestão e formação das pessoas, na tecnologia e na entrega final para as marcas que cuidamos na Be180.
VoxNews – Você se define como um “curioso por natureza” e apaixonado por arte, design e pela mente humana. De que forma esses interesses se refletem na sua maneira de empreender e de liderar?
Fabrício Guimarães – A curiosidade me ajuda a dar movimento, a buscar experiências que me permitam estar conectado com o presente e a me desafiar. A arte e o humano, são expressões vivas de linguagem, de comportamento, de emoção, de acertos, erros e tentativas. Para quem trabalha com criação, inovação e empreende, essas fontes são inspirações essenciais para desenvolver uma capacidade de conexão profunda consigo mesmo e com o mundo. Acredito que é essa conexão que permite fazer mais escolhas certas, do que investir muito tempo trabalhando duro na execução de escolhas erradas. Mas esse é um fluxo, uma busca diária que passa muito também por executar e aplicar o que se aprende e observa.
Umas das últimas experiências que provoquei neste sentido, foi a criação do podcast “Capital da Dúvida”, o que me coloca em um lugar de vulnerabilidade e de aprendiz, são múltiplos assuntos, gente muito interessante e a possibilidade de executar a arte de perguntar, de questionar certezas e potencializar dúvidas. Isso para mim é que faz o dia a dia pulsar, muda hábitos e cria boas coisas para o mundo.
VoxNews – O setor de mídia também tem sido pressionado a adotar práticas mais sustentáveis e responsáveis. Sua experiência com a Musa e com o Instituto Terra Livre traz aprendizados que podem ser aplicados ao OOH?
Fabrício Guimarães – Sem dúvida. O setor precisa assumir responsabilidade pelo impacto que gera nas cidades, e a experiência com a Musa e o Instituto Terra Livre me ensinou que inovação e sustentabilidade não são opostas, mas complementares. No OOH, isso significa pensar em mobiliários urbanos inteligentes, em eficiência energética e em campanhas que tragam benefícios reais à vida urbana, seja em mobilidade, em comunicação pública ou em projetos que dialoguem com a sociedade.
VoxNews – E, olhando para o futuro, como você imagina a próxima grande transformação do mercado de mídia?
Fabrício Guimarães – Acredito muito no pensamento de brand urbanism, onde o OOH tem um papel de comunicação, mas também de serviço. Entendo que as evoluções na tecnologia, na legislação e no comportamento vão permitir mais interatividade, simplificação na jornada e engajamento. Projetos de experiência e criatividade ganharão força por meio de uma mídia que ocupa e participa da dinâmica urbana; a tecnologia será o meio, e “tudo” será possível. Torço para que essa relação seja de equilíbrio, onde o consumidor e as cidades possam usufruir de forma benéfica de uma interação cada vez mais significativa.