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Bola da Vez

Gabriel Mattar, fundador e diretor da Kombat Films

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No cenário contemporano do audiovisual, a inteligência artificial (IA) emerge como uma ferramenta revolucionária, desafiando as convenções de produção e narrativa. Em seu novo filme digirido para a Franklin Templeton, Gabriel Mattar explora como a IA pode transcender as limitações tradicionais da animação, oferecendo novas linguagens estéticas e técnicas.

Nesta entrevista, Mattar compartilha seus aprendizados e desafios ao dirigir com ferramentas como Adobe Firefly e Runway, além de discutir o papel essencial da curadoria e da direção criativa em um mundo onde a tecnologia “propõe” e o humano “escolhe”. Acompanhe suas reflexões sobre as possibilidades visuais que a IA pode trazer para o futuro do audiovisual.

VoxNews – O seu novo filme para a Franklin Templeton mostra como a IA pode ser usada como linguagem estética e técnica. Qual foi o maior aprendizado, e talvez o maior desafio, nesse processo de direção com ferramentas como Adobe Firefly e Runway?

Gabriel Mattar – O maior desafio foi a paciência para aceitar o fator aleatório dessas ferramentas, por um lado fazem boas combinações as quais eu jamais faria, mas por outro não geram exatamente o que está em sua mente.

VoxNews – Você comenta que a IA não fez nada sozinha e que a bagagem humana foi essencial. Na sua visão, qual é o papel da curadoria e da direção criativa nesse novo cenário onde a tecnologia propõe” e o humano escolhe”?

Gabriel Mattar – Na era do I.A o gosto será maior ativo de um criativo portanto a curadoria se torna fundamental, sua visão de mundo, suas referências pessoais, serão seu maior ativo o objetivo principal do projeto fica mais relevante do que os detalhes e caprichos artísticos das pessoas envolvidas. É uma forma menos autoral de execução porém com bons resultados.

VoxNews – O filme tem um visual que não tenta ser realista, mas sim explorar a IA como alternativa à animação tradicional. Que tipo de novas possibilidades visuais e narrativas você enxerga com esse approach?

Gabriel Mattar – Cada ferramenta e linguagem tem sua característica, certos roteiros combinam com animação, outros precisam de live action para fazer sentido conceitual. Um roteirista de animação sabe que seu personagem pode soprar o dedão até que sua mão vire um balão para que possa sair voando. Já os roteiristas de filmes tradicionais vão pensar nas limitações humanas ou custos de efeitos especiais e pós produção. Com I.A novas concepções serão feitas sem quaisquer limites de orçamento e limitações das leis da física. Acho um cenário muito interessante. Minha esperança é que as marcas aceitem fazer projetos mais ousados e divertidos, menos literais e caretas.

VoxNews – A IA pode revelar caminhos criativos que antes passariam despercebidos. Já teve alguma surpresa que redefiniu sua abordagem artística durante a criação desse projeto?

Gabriel Mattar – Sim! As combinações e propostas feitas pela I.A surpreendem tanto quanto as decepções erros que causam um sentimento de incompreensão no criativo. O fator aleatório ou “stochasticity” é muito relevante, e alguns modelos não tem esse fator zero, o que tornam as gerações mais interessantes porém certas vezes aleatórias demais ou até delirantes.

VoxNews – A Kombat Films tem um histórico de diversidade estética e técnica. Como você enxerga a IA dentro da trajetória da produtora? Ela é uma fase, uma ferramenta ou um novo modo de pensar e produzir para sempre?

Gabriel Mattar – Sempre abraçamos as linguagens diferentes e integradas, desde stop-motion com composições no After, até 3D com live-action. Todas as ferramentas são bem vindas, principalmente quando se mistura o analógico com o digital. A I entra como mais uma ferramenta dentro do repertório. O importante é um olhar craft para I.A usando referencias pessoais, olhar artístico e colocar o coração no trabalho mesmo que feito com ajuda de um robô.

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