Escreva para pesquisar

Bola da Vez

2025: Moira Soares, diretora de cena da Miss Sunshine

Compartilhar

Quais tendências criativas você acredita que irão dominar o audiovisual no próximo ano?

 

O deslizar frenético dos dedos nas telas se transformou em uma dança cotidiana naturalizada, e o ímpeto de “pular este anúncio” é quase um reflexo de nossa ânsia por autenticidade. Na vastidão das incertezas e da saturação digital, ainda acredito que o audiovisual tem potencial de se tornar uma âncora de reflexão. Pensar em tendência é pensar em relevância cultural. As tendências criativas no audiovisual são, para mim, um reflexo do nosso olhar interior e da nossa responsabilidade de não apenas entreter, mas de tocar profundamente as fibras da alma humana. É um convite para que, em meio ao caos, possamos encontrar significado, rir com propósito e sentir a verdade que vibra em cada frame, transformando os espectadores em participantes de uma experiência coletiva de emoção. Estamos na iminência de nos reinventar, não somente com discursos persuasivos, mas com o retorno à simplicidade que inspira, à busca por narrativas autênticas em que a vulnerabilidade é um ato de coragem. É o momento de abraçar nossas imperfeições e rir das nossas próprias contradições e da inconfundível arte de sermos brasileiros. E, então, a inteligência artificial surge como uma aliada inesperada! Não para substituir a criatividade humana, mas para ampliá-la, desvelando novos horizontes narrativos e nos convidando a repensar o que é possível. Como uma ferramenta delirante, a AI nos ajuda a explorar possibilidades criativas. Ela abre portas para colaborações inovadoras, para entrelaçar novas e velhas experiências, afinal, já dizia Lavoisier: “Nada se cria, tudo se transforma”.

 

Vejo esse momento como um ponto de inflexão, em que tecnologia e criatividade humana continuarão coexistindo em harmonia, enriquecendo o tecer da experiência humana. É essencial que a sensibilidade e a ética permaneçam no eixo das narrativas, permitindo que a criatividade floresça em surpreendentes direções. Curiosamente, pensar sobre as tendências criativas me fez refletir não apenas sobre como contamos histórias, mas principalmente sobre o porquê de as contarmos. Em um mundo onde a velocidade do consumo de conteúdo muitas vezes ofusca a profundidade, há um chamado silencioso para retornar à essência do que realmente nos toca: a emoção genuína. Basta ver a repercussão do filme “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles. Para além da sensibilidade do inconsciente coletivo brasileiro sobre a ditadura e da delicadeza de retratar esse período tão sombrio, houve um furor maravilhoso, que extrapolou o tom dramático do filme e se transformou na revanche perfeita de uma filha em busca de um Oscar injustiçado! Como foi lindo ver The Academy como um Maracanã das artes, cheio de brasileiros emocionados! É sobre isso, nosso Brasil criativo! Acho que pra mim esta é a grande tendência e mistério do audiovisual: quando o conteúdo ultrapassa as barreiras do marketing e o compartilhamos simplesmente porque nos tocou de alguma forma.

Tags:

Deixe um Comentário