Laís Prado, curadora do Festival do Clube de Criação

Nos próximos dias 12 e 13 de outubro, sábado e domingo, o Memorial da América Latina, em São Paulo, recebe o Festival do Clube de Criação. Serão mais de 50 painéis 200 nomes para conversar e debater sobre temas diversos – etarismo, humor, emergência climática, inteligência artificial, entre outros, trazendo reflexões que impactam a sociedade e o mercado de comunicação como um todo. Mercado esse que também não fica de fora com a discussão sobre o papel feminino nas produtoras de som, o design na construção de marcas, como manter a identidade em uma conversa com representantes de agências de grandes grupos e aquelas que atuam de forma independente e muito mais. A programação está aqui.

 

Na conversa com Laís Prado, curadora do Festival do Clube e editora-chefe do site Clube Online, ela detalha a construção do evento e o seu diferencial dentro de um setor com dezenas de eventos. Laís ainda lembra que haverá a tradicional premiação do Anuário, que esse ano traz como novidades a categoria Regional e a premiação de Agência do Ano.

 

Vale também destacar. Em 2025, O Clube de Criação, uma entidade sem fins lucrativos, completará 50. Que o mercado já comece a apoiar a edição de 2025. Confira o bate-papo.

 

Vox News – O Festival do Clube de Criação chega à sua 12ª edição. Como tem sido o processo de curadoria ao longo dos anos e o que você destaca como evolução mais marcante no evento?


Laís Prado –
Ao longo de doze anos fazendo a curadoria do Festival do Clube aprendi e continuo aprendendo muito. É o que mais me atrai nesse trabalho: aprender e desafiar o mercado a conversar sobre todo e qualquer assunto, inclusive sobre os mais ásperos e espinhosos. No Festival, abordamos temas que geralmente não são tratados em outros eventos. Em 2022, por exemplo, montamos um painel necessário sobre a fome e a responsabilidade das marcas em relação a isso, uma vez que a situação no país era gravíssima, com 33 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza. Resultado: o painel foi um dos mais concorridos e emocionantes da história do Festival. Isso me deixou extremamente feliz, pois, apesar da complexidade do assunto, nosso público se mostrou disposto a ouvir e lotou aquele auditório. Já abordamos também temas como trabalho escravo contemporâneo, letramento racial, a hipersexualização pela mídia das meninas, principalmente as que vivem em comunidades, e tantos outros, convidando o nosso mercado a refletir, e em muitos pontos, reavaliar suas perspectivas.


VoxNews – A edição deste ano conta com uma programação diversa, cobrindo temas como emergência climática, estereótipos dos corpos femininos e etarismo. Como foi a escolha desses temas e como você enxerga a importância dessas discussões no contexto da economia criativa?

Laís Prado – Como disse, o Festival do Clube tem se consolidado como um espaço gostoso e ao mesmo tempo intenso para a discussão de temas relevantes para o nosso mercado. A programação faz uma mistureba que mescla palestras digamos “técnicas” – sobre questões do nosso dia a dia -, debates sobre tecnologia e sobre temas transversais à economia criativa – que impactam a sociedade como um todo, como etarismo, DEI, e emergência climática, por exemplo -, pitadas de nomes internacionais, outra pitada de palestrantes solo brasileiros, bom-humor a gosto e algumas celebridades na cobertura do preparo.

Brincadeiras à parte, vale ressaltar que emergência climática, por exemplo, tem sido pauta constante do Festival, desde as primeiras edições. Nesses anos todos, trouxemos especialistas para discutir desde a poluição dos oceanos e o impacto das embalagens de uso único no meio ambiente, até o desmatamento e as queimadas. As mais recentes tragédias climáticas que assistimos no Brasil evidenciam a urgência de ações concretas e o mercado da comunicação tem papel fundamental na conscientização e na educação da população, bem como fomentando a necessidade de engajamento. As marcas, têm forte poder econômico e de persuasão para realizar transformações.


VoxNews – O Festival sempre equilibra debates sobre inovação e questões sociais com ativações de marcas e entretenimento. Qual é o segredo para manter esse equilíbrio e garantir que o evento tenha impacto tanto no campo criativo quanto no social?

Laís Prado – São apenas dois dias de duração, mas conseguimos oferecer ao nosso público cerca de 50 debates e palestras, envolvendo por volta de 200 nomes incríveis, a cada ano. E um dos nossos pilares, não apenas na hora de levantar os temas, mas também na escolha dos participantes dos painéis, é diversidade e inclusão. O Clube reafirma ano após ano seu compromisso com a difusão do conhecimento, a ampla promoção de conversas, encontros para termos um mercado cada vez mais consciente e verdadeiramente responsável.

 

VoxNews – Quais são os maiores desafios na curadoria de um evento tão amplo e diversificado como o Festival do Clube? Quantas pessoas participam desse projeto desde a curadoria, produção e execução?

Laís Prado – O Clube, como todos sabem, é uma entidade sem fins lucrativos que aliás completará 50 anos em 2025, e se destaca por sua perseverança em manter de pé, além da produção do Anuário, seu site de notícias, o Clubeonline, que já está há 22 anos no ar, bem como a cobertura de eventos internacionais e, obviamente, o Festival. A realização desse evento é fruto de um esforço coletivo de toda a equipe, que é super enxuta, o que faz com que cada um trabalhe por 30. Sem exagero. Apenas a curadoria é de minha responsabilidade, mas para erguer o evento montamos uma verdadeira força-tarefa, que inclui a participação intensa dos atuais copresidentes. Obviamente tudo seria mais fácil se tivéssemos mais recursos. Nossa batalha por patrocínio, embora tudo que a gente faz seja extremamente desejado, respeitado e aplaudido pelo mercado, é imensa. Toda essa admiração não se reverte em patrocínio automaticamente, infelizmente. E não me pergunte por quê. Vale ressaltar que, por ser uma entidade sem fins lucrativos, todo investimento recebido, tirando os custos operacionais, claro, volta para o próprio mercado, seja por meio das notícias publicadas no site, da cobertura de eventos internacionais ou do próprio Festival. Aqui não tem sócio querendo fazer retirada de lucro no final de cada mês ou do ano.

 

VoxNews – Quais novidades ou surpresas o público pode esperar para esta edição que ainda não foram amplamente divulgadas?

Laís Prado – A programação já está definida e publicada. Este ano teremos muita coisa bacana, modéstia à parte, e creio que isso gera até uma certa angústia, já que é impossível acompanhar tudo. Além das palestras, teremos os shows, sessões de autógrafos, leitura de portfólio, ativações etc. É ruim citar apenas alguns dos nomes incríveis que estarão conosco, me perdoem por isso, mas teremos mesas deliciosas como sobre a história das campanhas de Havaianas – com Marcello Serpa e Cleo – ou a com o mestre dos roteiros Lucas Paraizo, ou ainda nossa tradicional mesa com humoristas. Teremos a honra de receber os medalhistas olímpicos Bia Souza e Caio Bonfim. Teremos Eliana, Duquesa, Samuel de Assis, Junior Yanomami, Dani Winits, Jonathan Azevedo, Jup do Bairro, Mc Sophia, Lucas Lima, Ayo Tupinambá, Grace Gianoukas, Sioduhi, King Kong Fran, Caito Mainier, José Padilha, que virá de Los Angeles especialmente para o evento, enfim, uma superseleção. Além de palestrantes solo, como Anselmo Ramos, Danilo Boer, Luciana Cani, Jouke Vuurmans e Neil Redding.

Vale contar que este ano o Clube lançou a categoria regional do Anuário, reforçando o posicionamento nacional da entidade.

Outra novidade é o Prêmio Agência do Ano, que será entregue durante cerimônia, no segundo dia do evento.

 

VoxNews – Para quem está começando no mercado publicitário ou criativo, que conselhos você daria ao participar do Festival e quais oportunidades o evento oferece para novos talentos?

Laís Prado – Além de se debruçar sobre a programação e assistir a tudo o que for possível, deixando a tentação do networking de lado, é muito bacana aproveitar a oportunidade de participar da avaliação de portfólio que acontece no evento, com grandes nomes disponíveis para aconselhar nossos jovens talentos. E é importante passear pela exposição dos finalistas e premiados do 49o Anuário, porque isso sempre gera aprendizado.

 

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