Fábio Simões, sócio da MAAR

Fundada pelos líderes criativos Fábio Simões e Pedro Burneiko, a MAAR chega ao mercado posicionando-se na intersecção entre a criatividade humana e a inteligência artificial. A empresa busca redefinir o processo de design, criando marcas modernas, adaptáveis e preparadas para o futuro.

 

Para Fábio, tanto suas experiências anteriores quanto as de Pedro revelaram a necessidade de alinhar a criação ao ritmo das mudanças sociais – do comportamento à tecnologia. Ele afirma que construir uma empresa do zero, que atendesse às marcas de maneira leve e ágil, fazia mais sentido do que tentar reconstruir estruturas pesadas.

 

Com foco em branding generativo, protótipos de alta definição e sistemas de marca dinâmicos, a MAAR utiliza a inteligência artificial em todo o processo, desde a criação de ensaios fotográficos até o design de locações para campanhas, lojas ou filmes.

 

Um exemplo de trabalho da MAAR foi a transformação do ícone da Claro. Mantendo os raios característicos, a empresa deu vida ao centro do ícone, criando um sistema de marca dinâmico capaz de gerar novos ícones conforme a necessidade da marca, sem perder sua essência.

 

VoxNews – Como a MAAR utiliza a interseção entre a criatividade humana e a inteligência artificial para redefinir o processo de design e criar marcas preparadas para o futuro?

 

Fábio Simões – Desde o início do MAAR, propusemo-nos a repensar o processo criativo. Abandonamos as ferramentas e métodos anteriores, abraçando a teoria de que um novo processo desencadearia ideias inéditas, fundamentadas no conceito de “pensamento de primeiros princípios”. Paralelamente, nossa convicção sempre residiu no potencial humano, na capacidade de, através da criatividade e humanidade, desenvolver marcas que ressoam com empatia e sensibilidade emocional.

A nossa tese, agora sendo validada, sugere que cada interação com ferramentas de inteligência artificial amplia nossa habilidade de exercitar a empatia e sensibilidade, mas de uma maneira mais abrangente, diversificada e, consequentemente, democrática. De certa forma, estamos acelerando nossa capacidade de ser mais humanos, impulsionando a empatia e a sensibilidade emocional em escalas anteriormente inimagináveis.

 

VoxNews – Pode nos contar mais sobre o conceito de branding generativo e como a MAAR o aplica em seus projetos de design de marca?

 

Fábio Simões – O branding generativo segue os mesmos princípios observados em certos elementos da natureza capazes de crescimento generativo. Imagine uma marca definida por uma fórmula, similar ao DNA, cuja descoberta nos permite multiplicá-la de forma controlada, tal como um coral que se expande seguindo regras específicas. Essa marca tem a capacidade de se proliferar indefinidamente, mantendo-se fiel a um padrão estabelecido. Além disso, seu crescimento pode ser direcionado para se alinhar com mudanças culturais ou para acomodar novos produtos ou serviços em seu portfólio, assegurando uma evolução que respeita sua essência ao mesmo tempo em que se adapta dinamicamente ao seu ambiente.

 

VoxNews – Quais são os benefícios de utilizar protótipos de alta definição e sistemas de marca dinâmicos na estratégia de branding de uma empresa?

 

Fábio Simões – A utilização de protótipos de alta definição no processo criativo traz a vantagem significativa de eliminar abstrações e incertezas. Eles possibilitam a criação de protótipos altamente realistas que refletem quase fielmente o produto final, desfazendo o desafio comum de solicitar ao cliente que imagine como um layout ou rascunho se materializará. Isso é crucial, visto que as abstrações dependem das referências e percepções individuais, tornando praticamente impossível para o cliente visualizar o produto pelos olhos de quem as criou.

 

Quanto aos sistemas de marca dinâmicos, eles fornecem as ferramentas necessárias para que uma marca permaneça viva e adaptável às mudanças culturais, à evolução do mercado, à expansão do portfólio, ou à incorporação de novas plataformas de comunicação. Diferentemente das marcas que se apoiam em guias estáticos e PDFs, que constroem suas regras baseadas em restrições para manter a consistência, limitando a mudança e o controle do crescimento a poucos indivíduos, os sistemas de marca dinâmicos fundamentam-se na permissão. Eles facilitam o crescimento da marca com maior diversidade e agilidade, ao mesmo tempo em que preservam sua consistência, tornando as marcas mais relevantes e aumentando seu engajamento. É o fim da era do NÃO e o início da era do SIM.

 

VoxNews – Como a MAAR aborda as mudanças sociais, comportamentais e tecnológicas em seus processos de design para garantir que as marcas estejam sempre alinhadas com o contexto atual?

 

Fábio Simões – Começamos o MAAR do zero, estruturando um processo leve e dinâmico que nos permite testar rapidamente e alterar nosso curso conforme necessário. Nossa filosofia de criar sistemas dinâmicos tem raízes nessa abordagem, inspirados na maneira orgânica com que nós, seres humanos, crescemos e evoluímos. Nos alimentamos do mundo ao nosso redor, e nos transformamos, porém sem jamais perder nosso DNA essencial. Estamos dedicados a construir marcas que seguem este mesmo princípio: marcas que evoluem, se adaptam e, dessa forma, permanecem sempre relevantes.

 

VoxNews – Quais são os principais desafios enfrentados pela MAAR ao criar uma empresa do zero com foco em design de marca leve e adaptável?

 

O grande desafio de manter-se leve e adaptável reside em resistir à inércia e à tentação de recorrer a caminhos e soluções já conhecidos e aparentemente mais simples. A chave está em cultivar a curiosidade e colocar-nos em situações de vulnerabilidade, onde as soluções não são óbvias, pois é esse contexto que propicia o surgimento de soluções verdadeiramente inovadoras. Construir uma empresa do zero apresenta-se como uma vantagem nesse aspecto, pois elimina a necessidade de desconstruir uma cultura pré-existente para criar algo novo. Foi essa a razão pela qual decidimos começar a conceber nossa empresa com uma perspectiva nova, continuando a reimaginá-la todos os dias.

 

VoxNews – Pode nos dar exemplos de como a MAAR empacota suas soluções de design para atender às necessidades específicas das marcas e empresas?

 

Fábio Simões – Decidimos moldar nossas soluções de design focando nas necessidades específicas das marcas e dos clientes, em vez de só apresentarmos uma lista de expertises. Buscamos assim mais transparência e precisão em nosso trabalho. Por exemplo, um cliente pode precisar apenas de um ensaio fotográfico sintético para facilitar a comunicação da essência da marca aos seus fornecedores. Em outro cenário, pode haver a demanda por uma ilustração que se deseja replicar centenas ou milhares de vezes, com o objetivo de hiper-personalizar a experiência da marca. Em certos casos, um cliente pode buscar explorar uma nova extensão de linha de produto, visualizando o momento de consumo e a interação de um potencial consumidor com o produto.

 

Para atender a essas diferentes necessidades, categorizamos nossas entregas em estratégias de design e de produção, disponibilizando soluções distintas para cada uma delas. Além disso, oferecemos a possibilidade de desenvolver produtos customizados para enfrentar novos desafios, garantindo que nossas soluções estejam alinhadas às dores específicas e aos objetivos de cada cliente.

 

VoxNews – Como a MAAR equilibra a criatividade humana com o uso da inteligência artificial em seus processos de design?

 

Fábio Simões – A cada interação com a máquina, estamos não só exercendo nossa capacidade criativa, mas também praticando nossa empatia. Na concepção de uma imagem, por exemplo, injetamos nossa bagagem e experiência nos prompts e, a cada retorno da máquina, reagimos e aprimoramos essa imagem, aplicando nossa criatividade. Assim, cada criação é um reflexo do nosso filtro, do nosso olhar e da nossa interação com a inteligência artificial.

 

Uma analogia ilustrativa seria comparar uma pessoa sem experiência selecionando um quadro em uma loja com acervo infinito, assistida por um golden retriever que o único foco é te fazer sorrir, versus um criativo diante de uma tela em branco, direcionando os movimentos de um robô. O golden retriever vai fazer tentativas aleatórias infinitas de trazer um quadro que te faça sorrir e o cliente inexperiente vai aceitar o primeiro porque quem não acha fofo um Golden que consegue trazer um quadro, produzir uma imagem. No caso do robô, ou I.A., sua criatividade é o que comanda a máquina, e não o contrário. Este processo realça como a inteligência artificial serve como uma ferramenta que amplia e reflete a nossa criatividade, em vez de substituí-la.

 

VoxNews – Quais são as tendências emergentes no campo do design de marca que a MAAR está explorando atualmente?

 

Fábio Simões – Vou ser filosófico. A grande tendência para nós é a página em branco. Estamos olhando para trás, até o Renascimento, e lembrando que podemos construir algo novo sem seguir regras ou tendências misturando ciência com arte. E, ao mesmo tempo, nos permite imaginar diversos futuros possíveis sem perder a capacidade de estar presentes hoje. A IA nos dá a possibilidade de parar de olhar para fora, para os movimentos do mundo do design, e olhar mais para dentro — para dentro de nós mesmos e para dentro do cliente — e assim encontrar soluções que tenham um olhar específico para o problema de cada marca. Se alimentar de tendências é fundamental, mas seguir tendências pode, aos poucos, roubar sua autenticidade.

 

VoxNews – Qual é a visão de longo prazo da MAAR para o futuro do branding e como a empresa pretende continuar inovando nesse espaço?

 

Fábio Simões – Nosso horizonte de longo prazo é, na verdade, bastante curto. Diariamente, ajustamos nossa visão, e é exatamente essa flexibilidade que nos mantém relevantes. Estamos comprometidos com a ideia de estar em constante mudança.
Esse é o momento certo para criar algo totalmente novo e a cada pessoa que conversamos novas possibilidades vem se abrindo.

Estamos constantemente incorporando novas ferramentas e novos processos e estamos ampliando as nossas entregas criando uma rede de profissionais com muita experiência nas suas áreas de atuação para mudar de forma profunda o conceito de design.

Nós criamos não só um novo modelo de criação mas também um novo modelo de negócio e queremos unir essas pessoas que estão repensando seus negócios criativos através da tecnologia.

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