Em celebração ao Dia Internacional da Mulher, lembrado em 8 de março, o VoxNews conversou com executivas do mercado da comunicação sobre os conciliar a vida profissional e também as diversas funções do lado pessoal. Esse tema foi dominante em 2022, quando a Aberje divulgou o estudo “A mulher na Comunicação – Sua Força e seus desafios”. A pesquisa mostrou que para a maioria das 500 participantes (67%), o desafio mais importante enfrentado pela mulher no ambiente de trabalho ainda é o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.
Confira o depoimento de Carina Migliacio, head of strategy da Purpple.
“Sem dúvida, iniciativas como equidade de licença parental, que devolvem a responsabilidade com as questões familiares aos parceiros dessas mulheres, são um ótimo primeiro passo para contribuir com uma questão complexa e multifatorial como a equidade de gêneros.
Poder dar atenção exclusiva ao trabalho é um privilégio masculino normalizado culturalmente, assim como outros estereótipos de gênero. Derrubar esses pressupostos como um todo é a grande luta, que as agências e produtoras podem apoiar, e muito. Mais mulheres na criação, na direção de cena, nas posições de liderança em geral são apenas uma das maneiras de mexer com os papéis estereotipados na nossa indústria.
A gente precisa lembrar que o mesmo cara que, ao fazer funções domésticas básicas, acredita que está “ajudando” em casa ou com os filhos – como se não fosse também papel dele – tem boas chances de, na melhor das intenções, mandar um mansplaining numa apresentação, ignorar o que uma colega disse e depois falar exatamente a mesma coisa ou soltar uma piada misógina sobre o corpo ou a idade de uma mulher porque talvez não tenha concordado com ela. Esse tipo de coisa parece grotesca, mas ainda existe muito mais do que deveria, bem debaixo do nosso nariz, entre as paredes e os videocalls das empresas.
Isso é algo muito mais sorrateiro e difícil de ser combatido, mas não acho possível promover uma equidade real sem passar por essa questão. Não teremos equidade enquanto a misoginia estiver camuflada em comportamentos considerados normais e assim permanecer na esfera do tolerável nas agências – ou em qualquer lugar. Precisamos estar sempre atentos.”